terça-feira, 31 de agosto de 2010

Décimo sexto dia fora da clínica

Dia 26/07 – Décimo sexto dia fora da clínica

Escrito por Francine:

Dormi bastante. Estava em Tijucas com a minha irmã. Almoçamos. Meu humor estava bom. Até chegar a tarde às 16:20 hs e a minha irmã me mandar de ônibus para Floripa. Eu chorei dentro do ônibus. A noite, quando cheguei minha mãe estava triste, mas depois tudo se normalizou. Custei a dormir.


Quando a Francine saiu da clínica, ela não podia fazer nada sozinha. E isso incluía dirigir, sair de carro sozinha. Mas ela não aceitava isso, achava um absurdo ter que andar de ônibus, pois ela tinha carro. E ela veio para a minha casa no sábado, com os meus pais. No domingo, eu falei que talvez a levasse em casa, mas nós tínhamos saído com ela no sábado, e eu não vi problema algum em ela voltar de ônibus, já que o tempo de viagem seria praticamente o mesmo. Ela ficou possessa comigo, porque eu não estava fazendo a vontade dela. Chorou, ficou de cara feia, mas eu não me submeti a nada disso. Liguei para o meu pai, pedindo para buscá-la na rodoviária. Ela iria levar 45 minutos, o mesmo tempo se eu a levasse de carro. Depois, a noite, eu liguei para saber se estava tudo bem, mas ela nem quis conversar.
Eu acho que esse foi um grande problema no tratamento dela. Nada ficou muito claro, ela queria ter as rédeas da situação, queria ter o controle. Assim: “eu estou doente, preciso de tratamento, vocês tem que fazer tudo o que eu quero porque senão eu posso ter uma recaída”. Isso deveria ter sido conversado com o médico, para fazer um acordo sobre o que ela poderia ou não fazer.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Décimo quinto dia fora da clínica

Dia 25/07 – Décimo quinto dia fora da clínica


Escrito por Francine:

Trabalhei super bem no sábado. Acordei ótima, com a sensação de que iria acontecer algo muito bom. A tarde teve o níver da minha avó, onde estavam presentes todos os primos e tios. Todos beberam muito. Me diverti, ri, fiquei super bem e estava com saudades de todos. Fomos embora, eu Clara e minha irmã.
Todos os primos decidiram ir para Balneário a noite, num bar que iria tocar uma banda. Minha irmã concordou e fomos eu, ela, meu cunhado e casais de primos. Nos divertimos, me senti bem. Começou a dar sono. Chegamos as 23:00 hs e saímos quase 2:00 hs. Dancei. Foi legal. Fiquei triste de todos estarem acompanhados e eu sozinha. Não tive empolgação de conversar com alguém (conhecer). Muito sono e enjôo. Tomei Liber.


Nesse dia ela foi para a minha casa e nós fomos no aniversário da minha avó em Itajaí. Lá estava bem divertido. Fazia tempo que não encontrávamos os primos. Mas o interessante é que a bebida era muito importante para ela, porque na volta ela me perguntou: “não bebesse por que?” E eu nem tinha reparado direito que os primos estavam bebendo. Eu respondi: “não, eu fui lá tomar café da tarde, e não tomar cerveja. Eu estou dirigindo e estou com a Clara”. E ela não entendeu porque eu não queria beber.
Então a noite nós saímos. Tentamos fazer com que ela se divertisse. Contamos uma história para os primos por causa da cerveja sem álcool que ela estava bebendo.  Dançamos, rimos, conversamos. Foi legal. Mas claro, para ela era diferente,  não estava mais acostumada a sair de noite para se divertir.

Abraços
Isabela

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Décimo terceiro e décimo quarto dia fora da clínica

Escrito por Francine:

Dia 23/07 Décimo terceiro dia fora da clínica
Tosse, gripada e o humor mais ou menos. Até depois do almoço estava tudo bem. Estou com muita vontade de chorar, e com várias nóias, muitas. Não dormi bem, comecei a ter pesadelos novamente


Dia 24/07 Décimo quarto dia fora da clínica

Durante o dia trabalhei normalmente.
A noite, eu e a mãe fomos na casa da minha tia. Eu não queria ir, mas a mãe insistiu e eu fui normalmente e voltamos cedo.
Depois que voltamos, eu já sabia que duas amigas iriam no El Divino. Fiquei muito eufórica. Queria sair urgentemente. Conversei com meus pais. Eu iria com a minha melhor amiga e voltaria a 1:00 hs. Não deu certo. Fui na casa do Amauri, um amigo de confiança. Cheguei lá as 22:00 hs e as 23:30 hs já estava em casa. Tomei café e fumei. Eles estavam no vinho e na cerveja. Chegaram 3 meninas arrumadas, que iriam sair. Não me senti bem, então fui embora.



Ela queria muito voltar a vida normal. Sair, beber e fazer festa, Mas ela ainda não estava preparada para isso. Era muito instável emocionalmente. Por qualquer coisa já perdia o humor e sentia vontade de desistir de tudo. Pode ver na casa desse amigo. Quando chegaram pessoas arrumadas, prontas para sair na noite, ela já desanimou e quis ir embora. Ela facilmente desistia. Precisava de muito trabalho psicológico para se aceitar como uma nova pessoa, com novos interesses, uma nova vida. Talvez pela sua fragilidade ela não tenha tido a força suficiente para segurar o vício.
E ainda com os profissionais incompetentes cuidando dela. Uma vez eu liguei para a psicóloga e disse que ela não poderia beber, porque o problema da Francine com a bebida era muito mais grave do que com a droga. Sabe o que ela me respondeu? "Eu não sabia que a sua irmã tinha problema com bebida, nós estamos tratando apenas o vício da cocaína." Dá para acreditar numa coisa dessas? Vocês vão ver, a história praticamente acaba quando ela volta a beber, porque dali a ter uma recaída leva 20 dias.

Beijos
Isabela

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Décimo segundo dia fora da clínica

Dia 22/07 Décimo Segundo Dia fora da Clínica

Acordei com a sensação: Foda-se! Quero viver, sair, ficar com alguém, me divertir. Sem drogas! Só bebida que me dá vontade. Estou muito gripada. No trabalho correu tudo bem. Está bem corrido. Um pouco calada, não querendo muito papo. Almoçamos fora, não conversamos sobre o que eu tenho, nunca mais conversamos, não sei se tenho vergonha ou medo de me abrir com a minha família. As 18:30 hs minha irmã estava em casa com a Clara, não consegui falar direito. Estava desanimada. Fui para a aula de dança, me senti feliz. Acho que estou muito carente, pensei muito no professor, cheguei a sonhar com ele. Eu me senti bem quando pensei em estar apaixonada por alguém, como me sentiria feliz. Demorei um pouco a dormir, mas dormi bem. Senti muito sono de manhã, tosse, gripada.


É muito visível a rápida alteração de humor dela. Em um momento está feliz, no seguinte já está desanimada, sem vontade de fazer nada, nem conversar. Mas ela se sentia muito carente, queria conhecer alguém, se apaixonar, para dar um sentido melhor a vida.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Algumas informações

Oi!

Muito legal a repercussão do blog depois da reportagem no DC. Muitas pessoas estão lendo e deixando comentários.
Para quem está começando agora, aconselho ler o blog desde o começo, porque ele conta uma história, que tem uma sequência. Vai contando todo o diário da internação da Francine, até ela sair da clínica e retornar suas atividades, tentando se adaptar a nova vida.
Em abril, tem o post "Carta da Mãe", que conta os últimos momentos dela. Ali conta como ela faleceu.
Sobre "a pessoa que a deixou viciada", muitas pessoas estão me pedindo para divulgar o nome dele. Mas meu pai, que é advogado, pediu para eu não colocar em hipótese alguma, e nem passar por e-mail. Não temos provas, e podemos sofrer um processo por causa disso. Quem mora em Floripa, fica fácil descobrir, Muita gente soube do caso da Francine. Se começar a perguntar para uma ou outra pessoa, acabarão descobrindo quem é o cara e o restaurante no centro da cidade.
Mas para falar a verdade, estou começando a ficar com pena desse cara. A vida dele não vai para frente. Ele é viciado. Já deve estar pagando pelo mal que fez.
Tenho muito mais raiva do médico e da psicóloga que estavam tratando dela. Porque nós confiávamos neles. E o erro foi tremendo.
Vou contar um fato:
A Francine teve uma recaída no último final de semana de setembro. No domingo ela ligou para o meu marido chorando e como ele pressionou, ela acabou contando da recaída. Pediu para ele guardar segredo e não me contar nada. Ela confiou nele. Mas como não é uma brincadeira, claro que ele me contou.
Na segunda-feira eu tentei entrar em contato com o médico dela. Liguei na clínica onde ela foi internada, pois sabia que ele estava atendendo lá. A secretária disse que ele ainda não estava, eu expliquei o caso a ela, disse que estava desconfiada que a minha irmã tinha tido uma recaída. Ela ficou de passar o recado a ele. Mais tarde ela me ligou (a secretária) , dizendo que o Dr. não poderia me atender, mas que era para eu insistir para a Francine não faltar a consulta que ela tinha na quarta-feira.
Na quarta-feira ela foi consultar com o Dr. e contou da recaída. Mas sabe o que ele disse a ela? "A sua irmã está me procurando, o que eu tenho a ver com a sua irmã? A minha paciente é você, e não ela, o que ela quer comigo?" Vocês acreditam numa coisa dessas?
A Francine saiu da consulta, chegou no trabalho e entrou no msn do meu marido brigando com ele: "Puxa, eu te pedi para não contar nada para a Isabela, mas tu contasse. Traísse a minha confiança". Ele tentou enrolar, dizendo que não tinha falado nada, que eu e minha mãe estávamos desconfiadas dela, por isso eu fui procurar o médico. Mas ela não acreditou e não contou mais nada para o meu marido, que era uma pessoa que ela confiava muito.
Não dá vontade de internar esse médico psiquiatra como Louco???? Também não posso falar o nome dele. Mas ele atende no centro de Florianópolis e nessa clínica que ela foi internada. Só posso dizer que NÃO é o Dr. Marcos Zaleski, melhor especialista nessa área. A Francine chegou a consultar com o Dr. Marcos, mas depois mudou para o outro, porque ele a atendia  na clínica de reabilitação. Iria voltar para o Dr. Marcos, mas não deu tempo. A consulta já estava marcada. Talvez tivesse sido tudo diferente.

Continuem acompanhando e divulgando!
Obrigada
Um grande abraço a todos
Isabela

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Reportagem Jornal

Oi Pessoal!

No próximo domingo vai sair uma reportagem sobre o blog no Diário Catarinense, um jornal aqui de Santa Catarina.
A repórter esteve na minha casa para me entrevistar e fez uma reportagem muito bonita, que fala sobre o blog, as comunidades de PGM e a situação de usar a internet como forma de amenizar o sofrimento da perda.
Quem mora em SC e puder comprar o jornal, vai estar no  Donna, que é um caderno que sai aos domingos.
Para quem quiser acessar pela internet, o link é http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/
Agradeço aqui a repórter Cristina Vieira, que veio até minha casa para conversarmos, foi muito profissional e sensível ao respeitar a nossa dor, atendeu aos meus pedidos sobre o que poderia colocar ou não sobre a Francine. E por oferecer a oportunidade de divulgar o blog, que já está com mais de 300 acessos diários.
Então, não esqueçam de olhar o Diário Catarinense de domingo, dia 22/08.

Um grande beijo a todos
Isabela

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Décimo primeiro dia fora da clínica

Dia 21/07 – Décimo primeiro dia fora da clínica

Escrito por Francine:

No trabalho está indo tudo bem. Fiquei um pouco deprimida com a reação de uma cliente ter falado de mim para outro veterinário. As vezes parece que estou deprimida por ter outro veterinário na outra loja a achar que estou com ciúmes. Gripada, Cansada. Vontade de não fazer nada. Fumei quatro cigarros. Falei com o Amauri, meu amigo, no telefone, e com a Carol. Ambos ligaram. Dormi cedo. Fiquei feliz ao falar com eles.


Quando a Francine esteve internada, na Pet Shop contrataram um outro veterinário, para não deixar sem nenhum profissional. Depois ele passou para a outra loja que eles tem, e ela voltou a trabalhar normalmente. Mas ela não gostava de comparações, tinha o seu jeito trabalhar, tinha experiência, era competente, mas não aceitava muito a opinião dos outros. Então, imaginem quando chegou uma cliente e começou a falar do outro veterinário? Ela ficou possessa! Os clientes gostavam muito dela. De vez em quando ela chegava em casa com algum presente. Outras ligavam para conversar, ou perguntar alguma coisa sobre o seu animal. Quando ela faleceu, ninguém se conformou, e muitos nem ficaram sabendo o verdadeiro motivo. E quem soube, não acreditou, porque ela nunca demonstrou nada de errado. Só que sabia era o pessoal que trabalhava com ela, e que ajudaram em todos os momentos.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Algumas histórias da Francine

Oi!

Quando estava arrumando as coisas da Francine, achei um caderno seu da oitava série, escrito em 1997, quando ela tinha 14 anos. Acho que era um trabalho de escola, ou uma brincadeira entre amigas. Ela escreve como um diário, falando de seu nascimento, infância e adolescência. A Carol deve lembrar o que era e colocar algum comentário.

O caderno começa assim:
Dedicatória
 Dedico esse livro aos meus pais e aos meus irmãos. Eles me ajudaram em tudo o que eu sempre fiz e com certeza vão acompanhar e apoiar cada passo de minha vida.
Também dedico a  minha melhor amiga Carolina, que sempre me ajudou nos momentos mais difíceis e esteve ao meu lado nas horas de alegria e tristeza.

Depois começa com os primeiros anos de vida
Meus primeiros anos de vida
     Dia 11 de março de 1983, as 17:05 horas, dei meu primeiro choro no Hospital "Santa Izabel", de Blumenau.
      A partir desse dia, eram todos em cima de mim, me paparicando, como qualquer criança que nasce.
       Eu era muito magrinha e chorona. Minha mãe teve que passar muitas noites em claro, para tentar fazer eu dormir, porque eu só chorava.
     Dia 20 de março de 1983 fui batizada.
     Dia 21 de agosto de 1983, falei minhas primeiras palavras: mamã e nenê, e dia 14 de novembro de 1983 nasceu meu primeiro dentinho.
     Os meses se passaram e o ano também. Finalmente completei meu primeiro aninho. Minha mãe fez uma festa na minha casa de praia em Itapema. Aos poucos fui aprendendo a andar e falar.
     Em março de 1986 entrei no Colégio Coração de Jesus, no vermelhinho, tinha 3 anos. Minha professora foi a Malba.
     Teve um dia em que meu irmão Fábio, 6 anos mais velho do que eu, e minha irmã Isabela, 8 anos mais velha, me ensinaram onde fica a boca, olho, orelha.... só que ensinaram errado, pois quando minha mãe perguntou onde fica a orelha, eu dizia que estava no olho. Eles viviam aprontando comigo.
    Acabaram as aulas, começa o verão. Eu passo o verão na minha casa de praia em Itapema. Eu não parava em casa, vivia na praia correndo, brincando, mal sobrava tempo para comer.
     Fevereiro, Carnaval. Eu passava o Carnaval no Guarani, um clube em Itajaí. Quase toda a minha família é de Itajaí.
     O verão passou e começaram as minhas aulas, eu estava no amarelinho. Minha professora foi a Jane.
     Bem, os anos passaram. Amarelinho, azulzinho, verdinho (pré), primeira série... até que eu  chego na segunda série.

E ela vai contando depois a sua infância e adolescência.... é muito legal relembrar esses momentos!

Beijos
Isabela

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Décimo Dia fora da Clínica

Dia 20/07 – Décimo dia fora da clínica

Escrito por Francine:

Sentimento e aparência triste. Meus pais perguntando: “que cara é essa?” Não tenho resposta. Acabo me irritando com a pressa do meu pai quando ele vem me trazer e me buscar no trabalho. Mas acabo ficando quieta, porque ele sempre foi assim. E eu sou um pouco grossa as vezes, só peço para ter paciência.
Vi uma das pessoas “antigas”, somente vi, vim correndo para o consultório e chamei o Evandro, que trabalha comigo. Tremia e chorei. Passou. Medo de encontrá-la (mesmo com a consciência limpa).
Tentei chamar a Carol para ficar comigo, mas não deu. Fui jantar com meus pais e a turma deles. Eu queria muito ficar embaixo das cobertas, chorar e dormir. Qual seria a minha reação se ficasse sozinha em casa, aguentaria?
Penso, mas não tenho vontade. Penso em tudo o que passei e na minha família. Na pizzaria encontrei uma amiga que estudou comigo. Trocamos telefones. Falei sobre a depressão. Ela nunca foi usuária, e é bem legal. Eu me senti muito melhor. Fumamos dois cigarros. Me senti a vontade, como se estivesse num grupo de auto-ajuda. Falei o que estava sentindo.
Enquanto estava na mesa da mãe um amigo leu um trecho sobre “amigos”. Percebi: “amigos? Quantos tenho? ” Fui para o banheiro chorar escondida. Liguei para a Carina para desejar Feliz dia do Amigo. Fiquei feliz, mas entrei na “nóia” de que todas as ligações que faço são gravadas.
Dormi bem e estou gripada.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

orkut

Oi Pessoal,

Ontem eu descobri, através de uma repórter, que o nome da Francine está numa comunidade de PGM do orkut. Nem sabia o que era isso. É um nome horrível: Profile de Gente Morta. Mas o que está escrito é bem legal. No fórum tme um os tópicos com os nomes das pessoas que já morreram e que possuem perfil no orkut. O nome da Francine está num dos tópicos e tem mais de 780 comentários. Muitos comentários legais sobre ela, bem interessante.
Quem tiver um tempinho, depois dá uma olhada

Beijos
Isabela

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Nono dia fora da clínica

Dia 19/07 – Nono dia fora da clínica

Escrito por Francine:
Fomos almoçar fora. Foi legal. Fui passear na praça com a Lilica, me senti feliz. Fomos para Tijucas a noite levá-la. Meu cunhado me elogiou, disse que eu estava diferente.
Eu estou com um sentimento preso, sem saber o que é.
No almoço as vezes como bem, a tarde nada e a noite demoro a jantar. Comi um x-bacon.
Dormi bem, super bem.

Dia 20/07 – Segunda-feira, Francine escreveu:

Quadros de depressão:
- Irritação
- Sentimento de tristeza
- Humor depressivo
- Incapacidade de dormir por dias (Agitação) – de 10 a 18/07
- Constipação Intestinal – de 15 a 18/07
- Perda de peso sem estar de dieta (3Kg)
- Perda de apetite e aumento de apetite – (não sei distniguir os dias)
- Perda do interesse em passear, sair de casa e querer voltar rápido
Todos esses sintomas começaram dia 11/07
No primeiro dia: irritação, inquietação (faladeira demais a noite), alegre
Durante o dia de bom humor

terça-feira, 10 de agosto de 2010

OItavo dia fora da clínica

Dia 18/07 – Oitavo Dia fora da clínica

Escrito por Francine:

Trabalhei bastante. Mãe veio me buscar e fez almoço. Arrumamos a cozinha. Pai trouxe a Lilica. Fiquei chateada por ela estar fedida e suja e com medo da reação da mãe por ela estar assim. Não consegui banho e tosa para ela. Fui no chá de bebê da Ju, sozinha de carro, no Ratones. Me perdi na ida. No começo me senti bem, após uma hora, angústia enorme de voltar. Fui embora às 18:30 hs, cheguei as 19:00 hs. Ligaram para meus pais quando eu saí, e quando cheguei liguei para avisar meus patrões. Me senti perseguida por achar que estava fazendo algo errado. Fiquei muito angustiada e nervosa, mas não fiz nada de errado. Lá, quando elas estavam bebendo, me senti a pior pessoa, de não poder e não conseguir me divertir. Que reação eu teria? Fiquei agoniada para voltar logo. Queria voltar antes e uma pessoa ficava falando... “fica mais um pouco. Eu ligo para a tua mãe”. Isso me fez lembrar muitas coisas e eu não consegui dizer não, mesmo querendo ir.
Queria que a Lilica dormisse no meu quarto, mas a minha mãe quis deixá-la na área de serviço. Deitei e não consegui dormir, mesmo com a medicação e sabendo que ela poderia estar com frio. Chorei um pouco, um sentimento confuso. Fui dar boa noite para ela e minha mãe cedeu e disse para eu deixá-la no meu quarto. Eu quis ficar com ela por isso, para me dar carinho e atenção, e não para ficar presa. Dormi feliz.


Isso aconteceu num sábado. Eu fui para Curitiba com meu marido e minha filha, e nós temos uma cachorrinha, a Lilica, que foi presente da Clara de Natal, a Francine que escolheu, e adorava a cachorra como se fosse dela. E como meu pai tinha um compromisso em Itajaí, passou pela nossa casa para pegar a Lilica para ficar com a Francine no fim de semana, já que estávamos viajando. Eu não queria, achava que ia dar um trabalho, mas ela insistiu e conseguiu convencer meu pai.
O chá de bebê que ela foi era de alguém do trabalho. Como eles sabiam do seu problema, puderam ajudar a controlar, já que ela não podia sair sozinha. Mas deu para perceber que ela  se sentia “um peixe fora d’água”, nesse início do processo de recuperação. Ela não era acostumada a sair e não beber nada.
Realmente, ela dizia que sentia muita falta da bebida, e não da droga. Mas todo dependente químico começa na bebida e depois vai procurar a droga. E uma vez, quando o médico liberou a bebida, tudo começou a mudar. Eu liguei para a psicóloga dizendo que eles não poderiam liberar a bebida, pois o problema da Francine com a bebida era mais grave do que com a droga. Sabe o que ela me respondeu? Nós não sabíamos que ela tinha problema com bebida, nós estamos tratando o problema dela com a droga. Olha a incompetência!!!!!! Quando chegar mais próximo da data em que aconteceu, vou contar todas as barbaridades que o médico e a psicóloga fizeram. Eles erraram demais. Isso que a consulta era particular. Quer dizer, apenas uma consulta por mês com o médico era pela Unimed

Abraços
Isabela

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sétimo dia fora da clínica

Dia 17/07 – Sétimo dia fora da clínica

Escrito por Francine:

Irritação. Mau humor sem distinguir o motivo. Muita vontade de sair a noite e tomar cerveja, por ser sexta-feira. Não aceitei jantar fora, quis ficar mais no meu canto, deitei cedo. Vontade de conversar com amigas. Estou com medo de sair. Trabalho Ok.

Foi o primeiro fim de semana completo após a saída da clínica. Ela queria sair de lá. Disse que estava preparada para passar por todas as provações. Mas era fácil perceber a sua ansiedade, a vontade de voltar a vida de antes. Como se fosse muito fácil para ela, esquecer tudo o que passou. O organismo dela não estava preparada para isso.
Obrigada a todos por acompanhar o blog, por todas as manifestações nos comentários. Se vocês divulgarem, mais pessoas poderão ser ajudadas!

Um grande beijo
Isabela

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Sobre a pessoa que a deixou viciada

Oi Pessoal,

Então, deixa eu contar como foi o envolvimento da minha irmã com esse cara mais velho. Eles se conheceram em novembro de 2008, numa festa que teve durante o dia num lugar bem badalado de Floripa. Só gente bonita, de bom nível social. Eles se conheceram durante a festa, e depois ela me contou que ele levava no peito, pendurado num cordão, um frasco, ou sei lá o quê, cheio de pó. Ela disse que ali deveria ter pelo menos uns R$10.000,00 em pó. Mas isso ela só contou bem depois, porque naquela época não desconfiávamos de nada.
E depois desse dia eles começaram a se encontrar, não sei com que freqüência. Ela me disse que estava saindo com esse cara, ele é conhecido em Florianópolis, pois tem um restaurante bem conhecido. Ele é mais velho que ela, tem um pouco mais de quarenta anos, é separado, tem filhos. Mas quando ela me contou eu não achei nada demais. Até pensei: quem sabe um cara mais velho vai fazer com que ela sossegue mais em casa. E eles ficaram juntos o verão inteiro. Meus pais passam o verão na casa de praia deles, que fica a 70 Km de Florianópolis, e como ela estava trabalhando, ficou sozinha em Floripa. Mas nem aparecia nos fins de semana. Ela estava encantada com o cara. Ele tinha grana, levava ela a diversos lugares, com gente bonita, conhecia todo mundo. Ela foi umas duas vezes na minha casa naquele verão, e falava muito bem dele. Mas me chamava a atenção porque ela dizia assim: Nossa Isabela, o fulano trabalha demais, ele quase não dorme. Na verdade ele nem tem casa direito. Fica no restaurante, ou na casa na ex-mulher, ou na pousada que ele tem. E eu perguntava: não pode Francine, então esse cara usa algum tipo de droga, ninguém consegue ficar acordado direto. Tu nunca visse nada? E ela respondia: não, eu nunca vi ele usando nada. Eu acreditava plenamente nela....
Em fevereiro nós fizemos uma viagem em família, de uma semana. Ela passou a semana inteira só dormindo e comendo, não fazia outra coisa. Não aproveitou nada o passeio. Era a falta da droga e nós nem desconfiávamos. Quando chegamos no aeroporto em SP, íamos ficar lá um dia, era sábado de Carnaval. Ela disse p/ o meu pai: o fulano disse que vai pagar a passagem para eu voltar para Floripa hoje, vamos lá ver se tem algum vôo para eu voltar. Mas aí ninguém aceitou e ela foi para o hotel conosco. No dia seguinte voltamos, e ela ficou sozinha em Floripa. Sumiu o Carnaval inteiro, foi se encontrar com ele.
Ela só falava do cara, e eu não o conhecia, só de nome. Mas ela nunca falava em levá-lo na nossa casa, ou combinarmos para sair. Em março minha mãe começou a desconfiar porque ela estava muito magra. Levou-a no médico para fazer diversos exames, deu tudo normal. E eu comecei a investigar sobre o tal fulano, tentar descobrir se ele usava droga. A todos que eu perguntava diziam a mesma coisa: não sei.. só conheço o restaurante, mas acho difícil ele ser um viciado, porque ele tem um restaurante famoso. Se fosse um perdido não estaria bem, não teria grana. Ele anda na sociedade, tem um bom carro, anda bem arrumado. Eu achava que era só desconfiança da minha mãe.
No começo de março eu e ela tivemos uma séria conversa. Meus pais proibiram ela de sair de casa durante a semana, para fazer festa, ou ir a algum bar beber. Eu dizia: Francine, vc precisa amadurecer, investe mais na tua profissão, não fica só querendo sair p/ fazer festa. Para de sair com esse cara, ele não está te fazendo bem. E ela disse que eles já não estavam mais juntos.
Não sei quem deu o fora em quem, mas eles pararam de se encontrar.
Só que aí ela já estava totalmente viciada. Imagina, passaram o verão inteiro cheirando e fazendo festa. Provavelmente de graça, ele devia dar droga a ela. E a situação foi piorando até o meu irmão dar um prensa em junho e ela admitir que estava usando cocaína. O meu chão caiu. Eu nunca imaginei isso da minha irmã. Depois que ela confessou, vieram para a minha casa e nós conversamos. Nós pressionamos e ela confessou que o carinha usava. Ainda disse assim: “a dele é da boa”. E quando ela contou aquele episódio de que ele tinha um monte na festa, começamos a desconfiar que ele é traficante, mas não temos certeza.
Porque aí se encaixa aquela história que a gente acha que só acontece com pessoas bem distantes de nós: o carinha seduz a menina, começa a envolvê-la no mundo das drogas, e depois que ela já está viciada se afasta, e avisa para alguém ir lá vender droga para ela, quando ele é o fornecedor. E ela, como já está viciada, começa a comprar para usar. Não tem tudo a ver essa história?
E aí ela foi internada, e lá ela ligou para ele. Ele disse que dava a maior força para ela sair dessa, e blá blá blá. Até parece.
Quando ela saiu da clínica, ligou p/ ele dizendo que tinha uma carta para entregar. Ela me disse que escreveu tudo de bom e de ruim que ele tinha feito a ela. Eu ainda disse: não procura mais esse cara Francine, tu vai cair de novo por causa dele. E ela não me contou mais nada.
Depois que ela faleceu, eu soube que eles tinham voltado a se encontrar. Que eles se encontraram em setembro, saíram juntos, mas não sei quantas vezes e se foi freqüente.
No momento da sua morte, a minha mãe perguntou a ela: por que tu voltasse a usar droga, Francine? Foi o fulano mãe, ele disse que eu era uma covarde em parar. Mas não sabemos se isso é realmente verdade, porque ela estava totalmente fora de si.
O cara é um canalha? Sim. Não presta? Sim. Iludiu a minha irmã numa vida cheia de glamour? Sim. Vocês podem ver pelos relatos dela que era uma pessoa que tinha vontade de ser famosa, queria ir para o BBB, conhecia artistas famosos. Quando ele apresentou uma vida cheia de pessoas bonitas, bem relacionadas, ela se apaixonou. Mas não era nenhuma criança, já tinha 25 anos.
Pensamos em denunciar. Mas não temos prova alguma. Não sei se ele apareceu no velório, nem se ele soube no dia. Nunca o conhecemos.
Acredito na justiça Divina. Ele tem filhos adolescentes. Parece que o restaurante anda “às moscas”, quando antes vivia cheio. Não sabemos se ele é traficante. Mas é usuário, e daqueles bem viciados. Um dia ele vai ter o retorno.
Preferimos deixar assim. Só pedimos para os nossos amigos não freqüentar mais o restaurante. Quer dizer, nem precisou pedir, todo mundo que soube da história avisou que nunca mais colocaria os pés lá.
E essa é a história. Agora, tarde demais, descobri que temos que desconfiar, que temos que investigar. Cuidem de seus filhos, irmãos, amigos próximos. O mal pode estar do nosso lado e a gente nem imagina.

Um grande beijo
Isabela

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sexto dia fora da clínica

Dia 16/07 Sexto dia fora da clínica

Escrito por Francine:


Retornei ao trabalho, arrumada, me sentindo bem e disposta. Esqueci de avisar que tive uma reunião de trabalho na terça a noite. Reagi bem. Estava calma.
Retornando ao trabalho, fiquei feliz em me arrumar, me sentir limpa, cheirosa e útil.
Perda de apetite. Fico nervosa quando reclamam do cigarro. Sinto falta de fumar mais e de café.
No trabalho está tudo ótimo!

Ela estava com muita vontade de voltar a trabalhar para se ocupar, ter que se concentrar no trabalho e não ter tempo de pensar em outras coisas. Ela foi bem feliz trabalhar, e na clínica veterinária que trabalhava, todos a receberam muito bem, dando  força para ela se recuperar. Isso foi muito bom.
Só que ela tinha que ser constantemente vigiada. Os meus pais precisavam levá-la e buscá-la no serviço. Lá, ela não tinha telefone, não podia sair durante o dia, e se o telefone da clínica tocasse para ela, o chefe dela precisava saber quem era. Mas mesmo assim, ela conseguiu driblar todos, escreveu uma carta e conseguiu avisar para um motoboy buscar e entregar para o "carinha"  que ela tinha se envolvido no fim do ano anterior, que foi que a afundou nas drogas. Na carta, segundo a Francine, ela escreveu tudo de bom e de ruim que essa pessoa fez a ela. Quando ela estava internada ligou para ele, e ele disse que dava força para ela sair dessa. Imagina, o cara deixou a minha irmã completamente viciada e depois vem dizer que torcia para ela sair dessa. Com calma eu preciso contar a história do envolvimento deles, até para as garotas ficarem alertas com esse tipo de gente. Quando ela faleceu, os dois tinham voltado a se encontrar.

Abraços
Isabela

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Quinto dia fora da clínica

Dia 15/07 - Quinto dia fora da clínica

Escrito por Francine:


Sempre ajudando nas tarefas de casa. A tarde fui no centro somente com a Carol (minha melhor amiga- confiança dos meus pais). Estava feliz, mas sentia um vazio.
Tive perda de peso em uma semana, mais ou menos 3 Kg.
Sentimentos de culpa. Ansiedade para dormir, inquietação.
As 20:00 hs tive aula de dança de salão. Foi maravilhoso, me senti útil e valorizada. Dei risada e não me dei conta que estava feliz. A dança terminou as 21:30 hs.
Ao chegar em casa, li os e-mails e descobri que a maior festa da família, que reúne todos os primos, vai ser no fim de semana do começo da minha pós. Fiquei muito estressada, irritada, falando que fizeram de propósito, que iria ser pior para mim não ir a festa. Dei gritos, coloquei meus irmãos como culpados.
Dormi muito eufórica.

Sobre a festa da família. Nós estávamos marcando um encontro com os primos, a famosa "Deschopada", que tem fotos no início do blog. Foi o maior rolo, porque desde quando a Francine saiu da clínica, ela só falava dessa festa, que tinha que ir. Mas é um dia onde todos bebem, e ela não podia beber. Ninguém na família sabia do problema dela, então, como explicar que ela iria na maior festa da família e não estaria bebendo? Nós brigamos muito por causa disso. Até  que a festa foi marcada para o fim de semana do início da pós dela. Achei que com isso ela iria sossegar. Mas que nada, ela ficou incomodando o mês inteiro por causa disso. No fim das contas nem teve a festa.

Beijos
Isabela