quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Dia 27 e Agosto

Escrito por Francine:

27/08/09

O clima na minha casa está melhor. Acordei de bom humor, feliz, está tudo bem. Fui para a consulta com o Dr. João. Contei sobre a minha cliente que eu tive ética em responder. Contei que estou melhorando, gostando mais de mim, que tive uma pequena crise de desespero ao sair no sábado porque levei um fora, mas jamais iria atrás de droga, contei tudo tudo tudo, e que realmente estou procurando o melhor caminho...ele só respondia: muito bom Francine. E eu: quando posso beber? Hahaaha Ele deixou, moderadamente, pois esse é o próximo passo, eu beber sem sentir vontade de usar drogas entende? Entendooooooooooo e vou conseguir.Trabalhei normal, feliz.
A noite depois do trabalho voltei sozinha a pé, fumando meu cigarrinho. Cheguei em casa, tomei banho e meus pais estavam esperando a turminha deles para um jogo. Café, jantar, bebida...então chamei minha amiga Carol pra ir lá também. Depois do banho perguntei para os meus pais se eles gostariam que eu ficasse na portaria do prédio recepcionando os amigos deles, pois quase todos iriam chegar no mesmo horário.Tudo certo. Fiquei na portaria, recebi todos, subi, tomei café com eles e depois minha amiga Carol chegou. Enquanto ela comia eu lavei toda a louça, estava muito feliz. Tomei meu remédio como o Dr. pediu, 3 horas antes de beber, mas fiquei com muito sono, então bebi 2 cervejas sem álcool. Eu gostaria muito de aproveitar a oportunidade de estar em casa com os meus pais, minha amiga e eles deixarem eu beber um pouco para saber que reação eu teria. Resultado: 2 goles de champagnhe e meia cerveja com álcool, com muito esforço. Achei ridículo. Queria comemorar. Minha felicidade foi indo emboraaaaaaaaaaaaaa.Calma, sei que tenho que trabalhar isso, mas não custava nada eles terem deixado, pois meia cerveja pra mim não fez nem cócegas, aliás não deu nem para sentir o gosto. E eu que esperei tanto por esse momento. Fiquei conversando com a Carol, depois ficamos na internet.Saiu o jantar. jantamos e fui levar ela em casa, sozinha com meu carro. Meu pai perguntou se eu estava bem, disse que estava tudo certo. Fui rapidinho. Quando cheguei fui direto dormir.


Quando a Francine faleceu, meus pais foram conversar com o médico dela. (Detalhe: ele várias vezes se negou a conversar com os meus pais. No máximo, minha mãe conseguia falar com a psicóloga). O Dr. João (nome fictício) disse que nunca liberou a bebida para a Francine. Isso que vocês acabaram de ler estava escrito no diário dela, que nós achamos no  seu netbook, só ela usava, ninguém tinha acesso. Será que ela ia inventar toda essa história? Impossível! Ali fica bem claro que no dia 27 de agosto, apenas dois meses e meio após ela estar de abstinência, ele deixou-a beber, jogando fora esse período de tratamento. E ele mentiu descaradamente para os meus pais. Mas a consciência dele sabe o grande erro que cometeu. A partir desse dia tudo começa a mudar e a recaída aconteceu menos de um mês depois.

Isabela

9 comentários:

  1. Me lembro bem desse dia... ela me ligou toda feliz dizendo q o médico liberou a bebida e que ela queria tomar uma cerveja de boa.

    Na minha cabeça achei muito estranho, pois lembro q na época o Fabio Assunção foi no Fantástico do tratamento, q ficou 6 meses só internado, fora os meses de recuperação fora da clínica, até perguntei p/ Fran se a tia Leila tinha visto a entrevista, apesar de na época não saber direito o q tava acontecendo, perguntei p/ Fran se o tratamento dela não tava indo rápido de mais, ela falou q não precisava disso tudo, q o médico até usava o caso dela de exemplo.
    Mas booom, durante a noite conversamos um monte até q ela tava normal, não achei ela triste, estranha, aguniada nem nada. Mas qdo por fim o tio Mauro liberou uma cerveja p/ mim e outra p/ ela (skol pequena) ela virou a dela e ainda tomou a metade da minha. como eu não percebi o descontrole né!?!
    Como ficamos cego, apesar de ter acompanhado o tratamento dela p/ mim ela não era uma dependente quimica.

    beijos Carol Souza

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  2. Olha o médico é culpado de ter mentido sim, mas acredito que ele tenha liberado bebida, pq a Francine demostrou que estava bem segura, sei lá tive essa sensação, nas conversas que ela teve com o médico ela parecia muito segura, já em casa vcs enxergavam mais as fraquezas dela. Acho que no final a culpa acaba sendo um pouco do médico por "confiar demais" na paciente, e tb da Francine que demonstrou uma força que ela sabia q ainda não tinha.

    Ana

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  3. Isabela... Quando leio o blog tenho a impressão que daqui a pouco chega a parte do "e foram felizes para sempre", mas a vida nos prega cada peça, né? Passo aqui novamente apenas para desejar a vc e sua família muitas vibrações positivas, paz e saúde! Um abraço, Claudia - Salvador - BA

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  4. Oi!
    Estive pensando. Em nossa sociedade, a bebida nunca é vista como problema. Alcoólatras sao vistos apenas como bebedores em excesso, enfim. Acredito que ele liberou a bebida baseando-se nessa visão, sem perceber que a bebida é uma droga lícita. Ela faz mal, causa dependência, mas as pessoas insistem em tratá-la como algo leve e que todos pode fazer uso tranquilamente. Infelizmente, isso não serve para todos.
    A Fran parecia ter uma personalidade muito forte e um poder de persuasão muito grande. Daí todos acreditarem nela como uma fortaleza que não sucumbiria. Estavam errados :-(

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  5. A Fran como sempre linda:
    http://75.126.144.72/~emaus/imagens/cursos/119.jpg

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  6. Acho q a Fran mentiu... no diario ela diz uma coisa a amiga diz outra... e ninguem conseguia falar com o médico.... acredito que a maior culpada de tudo ainda seja a propria Fran que pensava ser forte... e pensava não ter vicios... Acho que todas as pessoas devem rezar por ela, perdoar e ser perdoado.... pois todos somos humanos.... Espero que sua família perdoe os erros de todos, e espero que a familia ja tenha aceitado o que aconteceu... Que Deus abençoe vcs!

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  7. Olá,

    Não, impossível a Francine ter mentido no diário dela. Eu não acredito nessa versão. E o médico sabia que queríamos falar com ele, mas se negou a atender-nos.
    Mais uma coisa... para nós, leigos no assunto, a bebida não é vista como um vício. Mas um profissional que trabalha com isso sabe muito bem que um dependente químico não deve beber, pois logo em seguida vai querer ir atrás de droga.
    Agora que a Francine se achava forte eu concordo, ela não tinha a mínima noção do problema dela.
    Mas eu não consigo perdoar ainda. Não sou um ser humano "evoluído" a esse ponto. Quem já passou por algo parecido sabe do que estou falando.
    Sei que ela teve uma grande parcela de culpa. Mas muitas pessoas "ajudaram" a minha irmã a nos deixar aqui inconformados com a situação e morrendo de saudades.
    Beijos
    Isabela

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  8. Oi...
    Eu fico indignada.Deus! Que médico é esse? Eu acho que o médico é culpado sim! Imagina? Não acho que a Fran, na inconstância que ela tava, naquela mistura de sensações que sentia o tempo todo, estava em condições de julgar se seria forte o suficiente ou não??? Isso era o papel dele! E não é possivel que uma pessoa com a bagagem dele, não percebesse que essa vontade louca dela pelo alcool não era normal.
    O que a Fran sempre teve foi mta vontade pela vida...! E acho que essa vontade de viver tudo, e de todos os jeitos, de aproveitar todos os instantes, com total intensidade... é que fazia com que ela acreditasse que tava preparada pra enfrentar uma vida normal, longe de tanto tratamento, de tanta zelo! Penso que tudo que ela queria, é que tudo voltasse a ser como era antes... só isso!!! E ela devia tá tao ansiosa pra ter a vida dela de volta, que inconscientemtente camuflava as suas fraquezas pra que tudo acontecesse mais rápido! Pra que ela pudesse se sentir livre desse peso, desse medo, dos arrependimentos que com certeza sentiu por mtas vezes...

    A Fran sempre respirou a vida! E acho que ela foi tão vitima, sabe? É verdade que a vida é feita de escolhas, e não tem como negar que ela escolheu errado quando entrou nessa "droga toda", mas um erro, um passo em falso, tinha que ter custado tantos sonhos? tanta alegria? tanta vida?

    Isabella! Eu tenho acompanhado o blog desde o inicio... nunca comento nada, nunca escrevo, porque na maior parte das vezes, me falta palavras quando leio os relatos dela...
    A gente acaba rindo, chorando... bate uma
    saudade, vem as boas lembranças, é um monte de emoção misturada!
    Mas hoje, não sei... pensando que ja tão tão perto... me deu vontade de escrever algo pra vcs!

    Conheci a Fran menina... faz mto tempo, e ficamos bastante tempo sem nos falar, tanto que nem imaginava que tudo isso tava acontecendo na vida dela. Mas fomos grandes amigas... e tenho certeza que o carinho que sentimos uma pela outra, permanecia guardadinho sempre, tanto em mim como nela. Tenho grandes lembranças!
    A gente costumava escrever mto uma pra outra... mtas e mtas cartas!
    Nesse ultimo final de semana dps de ler o blog inclusive, reli algumas das cartas... e Meu Deus! As vezes nem dá pra acreditar!
    Reli a empolgação dela quando passou no vestibular, quando se mudou pra Tijucas, quando começou a dar aulas de street, quando fez o primeiro parto de uma ovelhinha... foi mto gostoso!

    Sabe, a um bom tempo atrás, perdi um grande amigo de uma forma bem louca e inesperada: ele se suicidou! Aquilo me deixou mto mal...com uma dúvida danada... vem aqueles pq´s? Aqueles "será que eu podia ter feito alguma coisa?", que parecem que destroem a gente por dentro... e nessa época, as cartas eram muito constante entre eu e a Fran...
    E relendo uma das cartas, encontrei algumas palavras dela...

    "Nenhuma palavra que estiver escrita aqui vai servir de consolo ou vai acabar com sua indignação e com esse ponto de interrogação na sua cabeça. (...)com certeza ele vai estar num lugar maravilhoso agora, e rezando, cuidando de todos os amigos e familiares que o amavam. Ele será seu anjinho da guarda. Mas a vida continua bela,(era uma brincadeira nossa dizer que a vida era bela!) só que agora, com uma estrelinha a mais no céu!"

    Bom... Faço minhas, as palavras dela!

    Que vcs continuem encontrando força e fé pra superar tanta dor... Tenho certeza que ela está iluminando Deus com aquele sorriso lindo!!!

    Um beijo grande!!!

    Taisa - BNU

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  9. Muito bonitas as sua palavras Taisa! Obrigada por lembrar de fatos que nem lembrávamos mais, passagens divertidas que nos remetem a um passado feliz.
    Um grande beijo
    Isabela

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