sexta-feira, 5 de março de 2010

Quarto Dia - Primeira Parte

Escrito por Francine:

QUARTO DIA 18 DE JUNHO - QUINTA-FEIRA  - Primeira Parte

Acordei tonta ainda, tomei medicação e reclamei muito de sinusite. Pediram calma pois o Dr. João iria fazer uma consulta a tarde comigo e depois consultaria com um clinico geral. Pra variar, perdi as contas de quantos pães com presunto comi, e um pedaço de bolo e pão com doce de leite (não estou ficando louca tá? Não tem variedades).Logo fomos na sessão sentimental. Mais dois internos: Bernardo, lutador de boxe, com problema de alcoolismo e recentemente brigou com um homem que levou um golpe no olho e quase ficou cego. E, com depressão a Dona Elaine. A sessão muito legal. Estávamos mais focados no Fabiano porque estava de alta no dia seguinte, aos 15 dias de internação. Mas dava pra sentir que ele não estava preparado, estava de saco cheio e louco pra cheirar, angustiado demais.Conversou com o médico e provavelmente pediu alta. Falei sobre uma situação com minha familia e disse a seguinte frase para o Fabiano: SE O BEM OU O MAL EXISTEM, VOCE PODE ESCOLHER, E PRECISO SABER VIVER! Bem, Dr .perguntou algumas sugestões em relação ao lugar.....Ana pediu hidratante e sabonete. Conselhos, explicações e tudo mais do Dr. João.Terapia encerrada, Mãos dadas e oração feita.....Só por hoje! Dormi até a hora do almoço. Sino tocou. Fabiana me serviu, por estar preocupada com minha tontura ainda. Comi purê de aipim, carne, arroz e feijão. Salada de tomate e alface. De sobremesa, gelatina com creme.
Passei mal, tontura, enjôo, sinusite, sono, sem foco. Devido às medicações. Consultei com o médico. Disse que fiquei muito mal durante esses dias e ele disse que era comum, mas iria diminuir um pouco as medicações. Disse que estava gostando muito dali, mas precisava de adrenalina, estar disposta pra fazer atividades, mas parecia uma retardada, completamente dopada. Disse que naquele momento não estava com fissura (também, depois de tanta medicação ), mas sei que quando saísse da internação gostaria de saber que tipo de reação teria de frente com a droga. E com o pensamento de hoje, eu aceitaria, mas minha cabeça já estaria preparada pra isso e o remorso seria imenso. Mas não tem como pensar nisso em apenas 4 dias aqui.É obvio que cheiraria, mas jamais voltaria a ser a Fran perdida sem rumo, infeliz e desiludida, pois o amor da minha família e o meu amor próprio que estou aprendendo a construir seria muito maior. Mas quero voltar a ser a Fran de antes, sem perder minha personalidade. Não quero que tirem isso de mim. Sou extrovertida, divertida, esporrenta, amiga, festeira......mas primeiro tenho que tratar minha doença pra saber voltar a ser a Fran de antes. Então D.r perguntou: Quer cheirar agora, te dou! (Ahan, sou burra eu quem sabe). Agora não Dr, SÓ POR HOJE. Ele me deu vários conselhos e disse que eu conseguiria sim voltar a ser a Fran de antes e que o momento que estou passando é o pico da abstinência, dificílimo pra mim e eu estou sendo uma guerreira mesmo.E tudo o que está acontecendo é extremamente normal. E fazendo coisas que me dão prazer, sem mudar minha personalidade, dando valor a família, trabalho e tudo tudo tudo com moderação, pra depois não falar:valeu a pena a recaída? É extremamente normal, mas você vai se sentir um lixo né? Então consulta acabando, ele perguntou: mais alguma coisa? Eu respondi: um vinhozinho, quentão ou cervejinha quem sabe?! Não iria diminuir minha fissura? hahahaha só risada. Excelente Dr.João.
 
 
Observação: ela não tinha noção da doença dela. Quando estava internada, uma vez ela me disse que queria voltar a vida normal, sair,beber, fazer festa... e cheirar se desse vontade. Mas que não voltaria para a lama novamente. Ela não conseguia entender que não tinha controle, que se começasse a beber, não ia conseguir parar. E o médico cometeu o erro gravíssimo de liberar a bebida depois de 100 dias de abstnência... foi quando tudo voltou a estaca zero. Mais adiante, vou contar detalhes desses grandes erros.
 
Um abraço a todos
Isabela

8 comentários:

  1. Ah se a gente soubesse Bela... No casamento da Larissa ela estava totalmente diferente, percebi que tinha algo estranho... Meses depois juntei esta situação com aquele dia que fomos no Café São Rock (no dia do aniversário da Vó Hilda)... a Fran não bebeu, disse que estava doente. Nos divertimos bastante, mas ela estava apreensiva e logo vcs foram embora. Hoje penso: E se eu tivesse conversado com a Fran sobre isso algum dia??? A gente não tinha muito contato ultimamente, mas tinha amor e a amizade de sempre que nos permitira essa conversa... Será que erramos também? Será que seria diferente? Dúvida triste... Leio o Blog todo dia... sempre penso nisso...
    Fran, te amo!

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  2. Oi Bela,

    A pergunta da Bia é a mesma pergunta que me faço frequentemente. Te confesso que fiquei muito sem reação quando soube que a Francine tinha morrido por causa de droga. Sempre soubemos que a Fran se passava, que gostava de beber... Mas eu jamais imaginaria que ela passaria por esta situação, porém, comecei a me perguntar nos últimos tempos...

    Como a Bia falou, em Maio no casamento da Larissa, teve um momento mto particular, onde estavam sentados você, Alex, Fran, Tio Mauro, Fábio, Rafa e eu. Lembro que a gente começou a rir por alguma coisa e a Fran repetiu 4 vezes a mesma palavra. Eu falei: "Pô Fran, 4ª vez que tais falando a mesma coisa? Se liga!". Todos riram... Mas depois do casamento comentei com a Paty que estava preocupado, que achava que tinha alguma coisa estranha com a Fran.

    Em Julho, quando saimos no Café São Rock, lembro da mesma situação que a Bia falou: A Fran estava tomando cerveja sem álcool porque segundo você e ela, ela estava tomando antibióticos. Lembro também que sem querer eu servi todos da mesa e não lembrei que ela estava tomando cerveja sem álcool e coloquei no copo dela. Você e a Fran logo virão e falaram: "Nãããããooo".
    Enfim, pedi desculpas pra vocês por ter esquecido. Acho que a gente tirou esse copo e veio um novo pra ela.

    Depois desse dia a minha incerteza de "o que estava se passando com a Fran" aumentou. Tentei falar com Fábio e contigo no dia em que fomos na pizzaria comemorar alguma coisa da Rafa (ela ter passado no concurso, algo assim), mas sutilmente a conversa mudou de rumo...

    Enfim, quando me ligaram na sexta-feira de noite, umas 19h pra falar o que tinha acontecido com a Fran, eu queria me bater, eu não queria acreditar, eu pensava que era brincadeira e daí sim tive certeza que as minhas dúvidas sobre o comportamento dela tinham fundamento.

    Me senti sem chão, me senti fraco por não ter feito nada. Me senti o último dos últimos.
    Eu amava (e amo) a Fran demais. Eu queria ter dito coisas boas pra ela. Eu queria ter dado conselhos bons, de primo/irmão mesmo, até porque a gente já tinha feito MUITAS coisas juntos, então um conselho do tipo "ahhh Fran, não acredito que tais nessa?" ou então "Pô Fran, já passamos da idade né?" não ia fazer mal algum...

    Por algum tempo fiquei revoltado. Hoje estou me acostumando...Mas enfim, só quis desabafar um pouquinho...

    Obrigado por desabafar conosco sobre esses momentos Bela. Amo vocês todos e cada vez que leio o blog, fico com mais vontade de estar junto de todos os primos...

    Beijos,
    Goro

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  3. Aqui, mais uma prima que também se sente angustiada por não ter podido conversar com a Fram...

    Percebi ela distante e diferente no casamento da Larry... senti que ela não me considereva mais a suuuper prima dela... e na verdade ela estava muito doente.

    Nunca me passou pela cabeça que ela estava usando drogas. Nunca percebi nada. E de repente, me avisam que ela morreu. Caraaaaa, não pode ser. Pq? Pq? Na verdade... não caiu mto a ficha até hj.

    Como eu queria ter ficado do lado dela! Como eu queria ter saído e me divertido, cuidando dela!!!

    Goro, dps disso tbm sinto mais saudade e vontade de estar perto dos primos!

    Amo mto vcs! Vcs são meus melhores amigos e a melhor família que pode existir!!!

    Bjs
    Carol

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  4. Primos, que bom ler esses comentarios de vcs... eu leio o blog todos os dias, as vezes duas, tres vezes ao dia.. e quando alguem (amigo) chega na loja, abro o blog para mostrar... parece que alivia, parece que conforta, não sei...obrigada, Isabela, por nos proporcionar esses momentos, essas palavras, esses desabafos. Acho que todo mundo de uma certa forma sente culpa, sente remorso, sente que poderia ter feito algo que não fez. E quanto mais o tempo passa, mais isso se torna evidente, parece. Meus deus, se eu soubesse, jamais teria inventado a tal deschopada. Tenho os e-mails dela até hoje, e hoje, me lembrando de tudo, sinto que ela sofria, que ela queria muito ir, e hoje entendo porque ela não podia.
    Quantas vezes eu falei pra ela faltar a tal pós, que a deschopada sem ela não tinha graça. Como ela deve ter sofrido com isso...
    Fran, onde quer que vc esteja, saiba que te amamos muito e que vc faz muiiiita falta pra todos nós!!!

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  5. Oi Primos,

    Eu imagino que todos se sintam um pouco culpados. Do tipo: como deixei isso acontecer com a minha prima? Várias vezes eu me pergunto se a gente não deveria ter aberto o jogo. Não para dar um puxão de orelha nela, mas para dar amor e carinho, era isso que ela precisava. Ela reclamava muito que não tinha ninguém, era muito carente. Talvez, se tivéssesmos dividido o problema dela, nós faríamos um revezamento, convidando ela p/ sair, passear, ir ao cinema.... Mas enfim, cada um tem a sua vida, e nós não temos tempo nem para o nosso lazer, e não dá p/ saber se teria adiantado ou não.
    É difícil de aceitar, de se conformar com essa situação. Mas que isso sirva p/ que a gente fique mais unido. Nós temos pessoas próximas que precisam de carinho, de amizade. Tentem pensar nisso, liguem uns para os outros de vez em quando, só para saber como está. Mandem e-mails carinhosos, dividam algum problema ou situação difícil que estejam passando. A nossa família sempre foi muito legal, e é importante dividir os momentos bons e ruins.
    Muito obrigada por todas a palavras de vocês. Fora a Dariane, que é da minha idade (juntas dá 70, hehehe), eu me sinto meio irmã agora dos que são da idade próxima da Fran, porque eu sempre cuidei muito dela, e agora quero cuidar dos meus primos.
    Um grande beijo
    Bela

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  6. Oiii Famila Deschamps!!!

    Eu tbm me sentia muito culpada... as vezes ainda me sinto.... pois sabia do problema dela e por medo não contei p/ a familia, até tentei c/ o betinho pegar o telefone da isabela, mas como eu tbm não tinha noção do nível da doença, fiquei com medo de fazer uma tempestade no copo de água.
    Eu estava com ela no dia da "primeira cerveja"... era uma reunião de amigos do tio mauro e tia leila.. a Fran tomou uma latinha em um gole e ainda pediu a minha... e eu dei...mas logo ela dormium, ali jah vi q não iria da certo essa hostória de bebida... tentei falar com ela, e vcs conhecem bem ela, " eu sei o q eu o fazendo", essa foi a resposta q ela me deu!!!
    Qdo ela saiu da clínica convidei p/ ir ao cinema, jantar, fazer academia...não dava certo...foram poucas as vezes q conseguimos, ela não podia no começo... depois tava depressiva...nossas conversas eram dificeis.. ela tava revoltada.. depressiva.. não aceitava opinião!!! MAs eu nem discutia com ela... pq pensei q isso ainda ia longe, iriam anos assim... nem nos meus piores pesadelos pensei q ela fosse embora tão cedo... ainda mais por esse motivo, eu tinha certeza q ela ia conseguir, masss pegou todos de surpresa, acho q por isso temos os mesmos sentimentos... de não aceitar, de culpa, de não conseguir dormirr...falar nisso sonhei com ela essa semana q passou... foi muito real, acordei assustada... ela me ligou p/ dizer q tava de volta.. q ela tinha acabado de chegar da clinica q ng sabia ainda.... e eu fiquei muito feliz e falava.. guria eu sbaia q tu não tinha morrido eu tinha certeza.. sempre sonhava ctg..acordei no meio da madrugada assustada e qdo cai na real q era só sonho bateu aquele desespero... mais uma madrugada acordada!!!

    beijooss

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  7. .... Lendo os comentários da família, fico sensibilizada com a dor de todos e o desespero de não poder ter feito nada, mas quero que saibam que nessas situações quem tem que se ajudar é a própria pessoa! Só ela mesma poderia se ajudar, e eu sei que ela se esforçou... talvez a pressão falou mais alto, e o medo de pedir ajuda e envergonhar seus familiares!!! Ela amava muito a família e tentava sempre agradar a todos. As ultimas vezes que vi a Fran ela estava sob uma pressão pisicológica muito grande, quando na verdade ela tinha que fazer as coisas por ela e não pelos outros!
    Quanto mais coisas boas pensarmos, melhor ela ficará!!!
    Saudades...

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  8. bela,eu concordo que a pessoa tem que querer se ajudar... e vcs tem que pensar que fizeram tudo o que podiam para tentar salvá-la. Procuraram médicos, psiquiatras, clínicas e deram todo o amor e apoio que uma pessoa necessita nesse momento. Só que isso não tem manual de instrução, vc não vem pra vida preparada para lidar com uma situação dessa na sua família. Vc não sabe como lidar, o que fazer. Não tem como pegar uma moça de 26 anos e dizer: agora vc faz isso, agora vc faz aquilo, agora vai dormir, agora vai sair com suas amigas...ela tinha acima de tudo o direito de ir e vir. Ela, mais do que ninguém tinha que querer se ajudar e ser ajudada.
    Não vamos aqui crucificar a Fran, claro que não, entendemos essa doença horrivel que é a droga, (eu talvez até mais que muitos aqui, vc sabe)
    mas o que não podemos é achar que fizemos pouco. Seus pais fzeram muito, lhe deram boa educação, os melhores colégios, lhe proporcionaram a faculdade que escolheu seguir, sempre teve boas amigas, morou em boa casa, teve seu bom carro... e quando descobriram a doença, tenho certeza que vc, Fabio e seus pais deixaram de viver as suas vidas e passaram a viver a dela para que pudessem salvá-la. Isso não é pouco. E não se condenem por não terem compartilhado antes. Vcs tentaram, não se omitiram. Isso é o mais importante. Um beijo pra vc, pro Fabio, Rafa, Clara, Alex, tia Leila e Tio Mauro. Esqueci alguém? Ah!e pra Fran que deve estar lá no ceu vendo quantas pessoas estão aqui unidas por ela!!

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