domingo, 4 de abril de 2010

Um pouco sobre a Francine

Olá Pessoal,

Conforme a Janaína Marques comentou, realmente, quem não sabe direito da história não imagina tudo o que aconteceu com a minha irmã. No começo do blog estávamos divulgando para os conhecidos. Mas essa rede foi se espalhando, muitas pessoas começaram a divulgar no seu site, blog ou twitter, e o blog da Fran cresceu muito. Gostaria de agradecer as pessoas que estão divulgando, inclusive o Maurício Manieri, que colocou no seu twitter e seus fãs estão acompanhando a história.
Então, vou contar um pouco mais da minha irmã Francine:
Ela se formou em Medicina Veterinária em 2006, em Canoinhas, SC, onde lá  morava sozinha. Voltou para casa e começou a trabalhar em Itapema, cidade do litoral de Santa Catarina. Lá não deu certo e ela voltou a morar com os meus pais em Florianópolis. Trabalhou em algumas clínicas e no começo de 2008 ela começou a trabalhar na Pet Shop, onde ficou até o final. Ela teve um namorado durante muitos anos, mas os dois eram ciumentos e acabou não dando certo. Ela reclamava muito por não ter ninguém, porque como ficou muito tempo morando fora, acabou se afastando de seus amigos antigos, e quando voltou, cada um estava envolvido com suas vidas, trabalhos, namoros. Não sei como aconteceu, nem com quem ela começou, mas ela falou para o psiquiatra que havia começado a usar cocaína na metade de 2008. Mas usava só nos fins de semana Com o tempo o consumo foi aumentando, e ela foi diminuindo a bebida e substituindo pela droga. Em novembro de 2008 ela foi numa festa e conheceu uma pessoa mais velha que ela, de um pouco mais de 40 anos, muito bem relacionado, conhecido em Florianópolis, e eles começaram a sair. Ficaram juntos todo o verão de 2009. Mas em março eles terminaram o relacionamento. Ele usava cocaína também, e eles usaram muito durante todo o verão. Em março ela já estava viciada e começou a utilizar durante o trabalho, para conseguir aguentar o dia de serviço. Em junho nós descobrimos, ela quis ser internada. Saiu da clínica de reabilitação e começou a fazer terapia com um médico psiquiatra e uma psícóloga. Ficou 100 dias sem beber e usar qualquer tipo de droga ilícita, somente os medicamentos receitados pelo médico. Mas ela queria voltar a beber e o médico liberou (não entendo como ele fez isso, ela era uma dependente química). A partir desse momento nós não conseguimos mais segurá-la. Ela começou a sair e beber, e teve uma recaída. Encontrou aquele pessoa que se relacionou no verão, comprou cocaína e usou num final de semana. Ela se sentiu muito mal, contou para o meu marido. Eu tentei falar com o médico dela, ele se negou a me atender. Ela teve duas semanas muito estranhas, nós tentávamos conversar, mas ela fugia de nós. Resolvemos mudar os médicos. Consultamos com uma Assistente Social e traçamos um plano para a mudança de tratamento. Mas isso aconteceu no dia em que ela tomou uma overdose. Não deu tempo.... A nossa sensação de falha foi enorme. Ela queria sair dessa, mas a dependência química é uma doença horrível, a gente se sente impotente diante de tudo. Não sabemos como agir. O doente precisa se ajudar, mas sempre me pergunto: ele tem condições de se ajudar? A droga é mais forte!
Continuem acompanhando o blog e divulgando, aos poucos vou contando mais detalhes da vida da Francine, das pessoas erradas que ela se envolveu, da forma como a doença foi tratada, e como foi o seu último dia conosco.
Um grande abraço a todos e muito obrigada pela força
Isabela

12 comentários:

  1. Eu ainda nao consigo acreditar que tudo isso aconteceu Bela...

    As vezes eu revivo o dia em que eu fiquei sabendo da morte da Fran e caio no choro como se tivesse acabado de acontecer.

    Eu me espelhava tanto nela! Desde pequena queria ser como a Fran!!! Ela estava sempre disposta a conversar comigo, sempre rindo, sempre feliz, sempre LINDA e bem vestida, sempre animada, brincalhona, comilona, esporrenta, divertida... A Fran era A prima e A amiga pra mim!!!

    Nunca vai existir alguém como ela!!! Única!!!

    E hoje, além de tudo isso, ela ocupou o lugar do meu anjo da guarda!

    Bjos

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  2. OI Isabela... Legal vc ter lido com carinho o que eu te escrevi.....
    POxa... cada vez mais que leio o que vc escreve eu fico imaginando o que passa na cabeça desses médicos....
    Eles sabem mais do que nós..... E conseguem cometer uma falha dessas????
    POxa... fico bem triste... pois é muito recente e imagino ainda como vcs devem estar...
    Olha eu não sou da sua familia, mas me considero uma ótima conselheira...rsrsrsr..algum dia se a tristeza bater pode me procurar para desabafar....
    Um beijo enorme a vc e a sua familia...

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  3. Olá Isabela,
    Que bom vc explicar um pouco de Fran. Vi também pelo twitter de Maurício e fiquei impressionada.
    Infelizmente não consigo entender a idéia do "sim" de um dependente,visto que eles posuem a cegueira das drogas.
    Mas olhe adiante de tudo isso. Dolorido? Sim.Porém, vejo que a dor da perda é uma dor de se lançar a uma nova vida.
    Que bacana sua iniciativa,abrir a cortida de sua dor,para testemunhar como a experiência das drogas,não vale a pena.
    Creio que fizeram sua parte muito bem,tenha esta certeza. Os desdobramentos foram inevitáveis...quem poderia supor?...
    Lamentável, vejo este blog em lágrimas,tenho um trabalho com jovens dependentes químicos e li seu relato sobre Fran a todos,foi um silêncio geral.
    Muito obrigada por nos fazer crescer em meio a uma dor dilacerante.
    Deus a abençõe e conte com minhas orações. Bjks!

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  4. Olá..
    Vim aqui através do link no twitter do Maurício Manieri.

    Que triste!
    E ao mesmo tempo, mto boa a iniciativa de vcs de contar a história da sua irmã, quem sabe através disso mtos outros não se envolvam, ou até mesmo desistam!

    Força sempre!!
    Abraço.

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  5. Olá Isabela. Sou a veterinária que tratabalha hoje no pet onde a Fran trabalhava. Quero te dizer que sinto muito pela tua perda e te parabenizar pela iniciativa de montar um blog para contar a história da Fran, uma pessoa muito querida por todos aqui.
    Beijos
    Bruna

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  6. Oi Bruna,

    Obrigada pelo seu comentário. Você tem patrões muito especiais. Aproveite essa oportunidade.
    E se possível, mostre sempre para eles o blog. Acho que vão ficar contentes em ler algumas histórias da Francine. Eles a tratavam como uma filha.
    Abraços
    Isabela

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  7. Oi Isabela, eu continuo acompanhando o Blog, e se a tua intenção é ajudar tu pode ter certeza que esse feito tu tens conseguido. Eu fiquei sabendo do Blog atraves da Sheila que é muito amiga da Rafaela Bolzan e da Carol. MUITO OBRIGADO!!! Grande abraço. César Jr. cesarjunior@hotmail.com

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  8. Olá,
    Sou psicóloga e trabalho na área da dependência química e achei mto importante esta sua iniciativa.
    Sei que hoje a família fica se perguntando o que fez de errado, o que poderia ter feito diferente...enfim...já vi isso acontecer diversas vezes. Não se culpem, tenho certeza que o que estava ao alcance de vcs, vcs fizeram. É realmente mto difícil saber como lidar com uma situação dessas uma vez que é grande a falta de informação, toda a carga emocional que isso implica, além da grande impotência que é sentida pela familia quando algo assim ocorre com um membro querido. Pelo que vejo tudo aconteceu rápido com a Fran, não houve tempo de maiores cuidados, então simplesmente não se culpem porque dentro das possibilidades que vcs tinham vcs fizeram sim!!!

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  9. Sou psicologa e trabalho com dependência química há seis anos...Acho importante uma iniciativa como esta principalmente para maiores esclarecimentos de um assunto tão delicado e ao mesmo tempo cada vez mais crescente em nossa sociedade. A dependência química é uma doenca grave mas que pode sim ser tratada, apesar de implicar em diversas dificuldades no tratamento. Existem diversas possibilidades de tratamento, não posso dizer qual a certa ou a errada, há aqueles que trabalham com redução de danos, o que deve ter sido o caso do médico de sua irmã que liberou o uso de álcool. Não é o tratamento que eu concordo, mas não posso dizer que em alguns casos não tenha seus benefícios. Em meus anos de prática já vi tudo acontecer. Gente que conseguiu e gente que não conseguiu. Gente que tentou diversas vezes, fez inúmeros tratamentos, uns pararam com o uso e outros não. Ja vi gente ficar bem com os melhores tratamento e gente com todas as possibilidades de melhora e nem por isso conseguiram. Já vi gente sem condições de um bom tratamento e ainda assim conseguirem dar certo. Já vi gente que tinha todo apoio da família e não conseguiu e gente que mal tinha familia e conseguiu. Portanto Isa, a culpa não é de ninguém...muito menos de vcs familiares que fizeram aquilo que podiam dentro das possibilidades de conheciam. Pelo que li da história da Fran vcs foram uma família presente, que a amaram e tentaram ajudá-la da melhor maneira que podiam... Não é apenas a medicação certa que teria garantido a recuperação da Fran, infelizmente a coisa é mto mais complexa.
    Siga em frente Isa com a certeza que fez o melhor que podia.

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  10. Eu nao sou dependente quimica, tenho 38 anos e tenho depressao, eu tb tive um encontro ruim igual a este que a Fran teve, a pessoa nao era dependente de cocaina mas era um bandido da pior especia que mentia, manipulava as pessoas, me agredia física, verbal e mentalmente, num espeço de 3 anos eu perdi todos os meus amigos e o pouco de controle emocional que tinha e eu nao tive apoio da familia, pensei em usar drogas muitas vezes, em morrer mouitas vezes, pensei em qual droga me matria mais rápido, mas enfim, estou aqui e ainda nao morri, vendo a hist;oria da Fran posso entender perfeitamente a recaida dela mesmo com todo apoio da familia e dos médicos, no fundo ninguém é capaz de sentir o que nós sentimos, o sentimentos de fracasso que doi na alma e nos impede de ver um futuro bom, estou aqui, sou uma sobrevivente, queria que a Fran fosse também! eu ainda nao venci, porque ainda estou triste, este meu encontro foi aos 35, mas eu vou vencer!! dep a Fran! que ela esteja num lugar muito melhor agora!

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  11. Isa...Vejo q muitos aqui dizem q sua irma agora é um anjo. Eu nao discordo. Mas queria, com todo respeito, dizer q vc tbm é um anjo. Apesar da sua dor, vc tira tempo pra escrever tudo isso (mesmo q sendo dificil relembrar tudo)nao só com a finalidade de mostrar quem era a Fran, mas tbm para ajudar muitos que estao cometendo o mesmo erro dela. Deus ajude a mim e a todos que recorrem a ele a sair dessa e poupar os pais de tamanha dor. Eu juro q entendo a "fraqueza" da Fran. Ela pagou com a vida mas espero que ninguem a julgue. Sinto como se fosse um amigo dela por ler tantas coisas q tbm estou sentindo hj, agora. Fran, sua historia vai ajudar muita gente!!!!

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