quarta-feira, 21 de julho de 2010

Primeiro Dia fora da clínica

Dia 11/07 - Primeiro dia fora da clínica

Escrito por Francine:

Eu me senti esquisita fora da clínica, inquietação após almoçar, preferi ficar lavando a louça e limpando as coisas do que conversar com a minha família. Antes de almoçar fiz a oração e chorei. A noite me senti alegre, saímos para jantar. Após tomar medicação, falei muito e parecia "fora da casinha". Dormi mal.

Observações:
Os meus pais foram no sábado de manhã buscá-la na clínica. Fizemos um almoço na minha casa. Meu irmão e minha cunhada também estavam. Nós estávamos felizes com a sua volta, e para nós estava tudo bem, mas dava para perceber que ela estava um pouco distante, mais quieta. Normal, depois de um mês fora do convívio social, e ansiosa para continuar o tratamento, para saber sua reação dali em diante. A tarde fomos na farmácia comprar os remédios: Depakote, Diazepam e não tenho certeza, mas acho que Amplictil também. Eles foram embora no fim da tarde. Ela queria muito sair, se divertir, ver pessoas bonitas. Então, meu irmão e minha cunhada sairam com ela para jantar em Balneário Camboriú, e ela disse que se divertiu.
Me chamou a atenção um episódio que aconteceu durante o dia. Eu comprei umas garrafas de cerveja sem álcool para fazer um brinde pela seu retorno. Achava que ela podia beber essa cerveja, porque não tem álcool, mas depois soube que ela não podia também, porque lembrava a bebida alcoólica. Fizemos um brinde, nós duas, e ela simplesmente virou o copo num gole só e falou: ah que saudade, como eu precisava disso. Fiquei assustada com essa reação dela em frente a uma bebida.

Abraços a todos
Isabela

13 comentários:

  1. Por aí nos vemos que ela nao deveria ter saido! Ela mesma se sentiu fora da ´´casinha´´!

    Lamentavel.

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  2. Ja li o blog todo e passo por aqui todos os dias para ver se vc postou mais alguma coisa. Vc tem muita força para relatar estes dias da vida da sua irmã e da sua família!

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  3. Aprendi a tomar cerveja com 20 anos. Meus pais quase tiveram um ataque. Nunca fui de tomar muito e tomava menos ainda qdo estava em lugares desconhecidos. Sempre tive medo de perder o controle. De tanta encheção de saco de parente, um dia tomei um porre homérico. Cheguei em casa nem lembro como. Daí pra frente todas as vezes que eu ia sair, se alguém abrisse a boca pra falar: CUIDADO COM A CERVEJA! já era o suficiente pra eu tomar todas....aquilo me dava uma raiva que só eu sei. Hoje moro longe de todos e fico meses e meses sem tomar um gole, mas é só ir pra casa dos meus pais e eu bebo só de ódio de tanta encheção de saco. E olha que eu já tenho 30 anos. Como eles irritam!!!!!

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  4. Cada dia que passa a revolta e a dor da situação ficam piores, não consigo achar um motivo pra confortar o coração......

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  5. Oi Isabela...
    Li TODO seu blog em 1 hora!
    Lendo, parece que consigo ouvir a Francine. Imagino o modo que ela falava. Olho a foto dela e parece que fui amiga dela. Imagino o rosto da sua mãe, pai, irmão e cunhada. Da sua filha... Imagino a clinica.
    Alem de tudo a danada escrevia muito bem! Parece que estou lendo um livro de um otimo autor, que nos faz querer ler mais e mais.
    Não tenho palavras de conforto (lido pessimamente com essa situação), mas acho que passou umm ANJO FURACÃO na vida de voces. Que foi capaz de torná-los pessoas melhores.
    Agradeço vc por essa iniciativa de compartilhar a Fran com desconhecidos. Muito altruista.
    Mesmo não a conhecendo, sinto como se tambem a tivesse "perdido".
    Um beijão pra vc!
    E saiba que todos iremos nos encontrar.

    (Ah! Sou de Cosmópolis, interior de SP. Uma cidade proxima a Campinas)

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    1. também sou de Cosmópolis e vivo pessimamente com essa situação

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  6. Isabela, estou lendo o blog que vc está fazendo, e a cada dia, sinto a grande mulher que vc deve ser, pois não conheci sua irmã e ainda não te conheço, quem sabe um dia.
    Eu sei da dificuldade de falar e pessoas que estão próximas da gente, e a gente acaba perdendo por causa de drogras,meu pai morreu quando eu tinha 9 anos de cirrose hepática, e eu fiquei tão traumatizada que demorei mais de 10 anos para aceitar, e tenho muit\a dificuldade em falar dele. É uma página que tenho que acertar na minha vida, mas estou exercitando meu poder de perdão.
    Valeu por tudo o que vc fez e está fazendo.
    Beijos . Luciana Tozzo

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  7. to lendo o seu blog.. é bem interessante! comecei a ler ante-ontem e não paro de pensar na francine e em conhecidos meus que alegam usar apenas maconha e dizem que não vicia..
    e realmente, você tem muita força pra relatar aqui o problema que sua irmã passou! chorei em vários trexos que li, lembro da minha mãe e como posso evitar tudo isso.
    que Deus abençoe você e toda sua família!
    beijos, L.

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  8. Li todo o blog e senti a dor (parte dela, pois ler é uma coisa viver a situação é outra) e sinceramente tenho muita vontade de pegar seus pais no colo, pela forma como ela fez a passagem, pela forma como sua mãe escreveu a carta, voce é uma mulher forte, sente a perda, mas pai e mãe não tem o que ajude a cicatrizar... Não sei o que posso fazer para ajudar, gostaria mesmo de fazer algo para trazer mais felicidade para o lar de voces... Me sinto impotente, a única coisa que me ocorre é pedir a autorização de voces para colocar o nome da familia na mesa do centro espirita (kardecismo) e pedir luz para todos voces. E pode ter certeza, voces fizeram tudo certo, não erraram em nada, fizeram o que puderam, e Deus dá o frio conforme o cobertor, voces vão superar e vencer tudo isso. Sou a Dorah de Curitiba, dommeh@hotmail.com se me autorizarem eu coloco os nomes, mas já estão inclídos em minhas orações diárias... Obrigada por tudo

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  9. Achei o blog por acaso e comecei a me interessar pela história, principalmente pelas coisas que a Fran escrevia. Pelo relato dela dá pra imaginar como as coisas se passavam, ver de certo modo o que a dependência faz com as pessoas (os delírios das pessoas na clínica, etc), o desespero que ela sentia por estar decepcionando a família, a dor.. mas acima de tudo a certeza de que estava pronta pra se recuperar. Apesar de triste, sem dúvida é uma lição, não só pra quem quem sair dessa.. Mas pra pessoas como eu, de 16 anos, e muitos outros jovens nunca se meterem nessa. Imagino a dor que vocês ainda sentem, e como é difícil a situação, porque tenho um primo na mesma. Mas é isso, tenho certeza que muitos se emocionaram com a história dela, e oram pela mesma. Que Deus continue dando muito conforto para sua família.. E continue postando!
    Beijo Isabela.

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  10. É bonito ver q o amor não morre e q mesmo sentindo a maior dor q possa existir, a família não recuou diante, muito pelo contrário: a dor foi a motivação para a ajuda a dependentes químicos e familiares. Ninguém imagina o qto estes depoimentos podem ajudar (não só em como a família pode ajudar ou notar sinais do uso de alguma droga, mas atuando diretamente no destino da vida de uma pessoa). Mesmo com a exposição de um problema tão íntimo, se tiver ajudado uma pessoa apenas, este blog já valerá a pena.

    Meu caso foi de compulsão por bebida alcoolica. Não era alcoolatra, mas estava a um passo de me tornar. Para uma mulher, ser vista bêbada é algo muito vergonhoso e até recriminado de maneira machista (bom seria se fosse feio tanto para homens quanto para mulheres). Me sentia super envergonhada no dia seguinte mesmo sabendo q não havia feito nada demais. O tempo foi passando e cada vez mais recorria ao alcool. Ás vezes saia sozinha pra beber. Minha família já não estava sabendo lhe dar com a situação o q gerava uma revolta da minha parte, este era um motivo para sair de casa, ir me divertir com amigos e beber novamente. Qdo voltava para casa encontrava problemas pq havia bebido de novo... virou um ciclo.
    Meu humor variava demais. Chegou um momento q pensei em me suicidar (q dizer, tentei), não foi nada fácil o q minha família passou, mas tb não era pra mim e isso eles não entendiam (achavam q se bebia era pq eu queria. Não sabiam eles o qto o meu comportamento me machucava, era uma agressão a mim). O melhor é sempre conversar com calma... as minhas tentativas de suicídio eram um pedido de ajuda aos meus parentes. Chegou um momento em q já não me enganava mais: fugia do meu controle e precisei de uma outra linguagem pra conseguir meu objetivo.

    Pedi, diretamente, ajuda à minha mãe q procurou o melhor especialista da minha cidade na cidade. Comecei o tratamento, mas meus pais deveriam ter tido mais paciência comigo (foram alertados sobre recaídas normais e como deveriam agir). Foi em vão a orientação do meu médico à minha família... o ciclo permanecia. Notei q tantos amigos qto família estavam me fazendo mal... os dois eram motivos para beber. Resolvi pedir um internamento aos meus pais para me tratar alegando ser alcoolatra. Meu médico não queria e nem meus pais. Chegou um momento em q não podia mais suportar a situação e praticamente os forcei a me internar. Em 2 dias meu pai gastou 5000 mil reais. Foi o bastante pra esfriar a cabeça e decidir o q deveria fazer para seguir a minha vida. Precisava quebrar o ciclo de brigas em casa, saídas com amigos e bebida. Cortei o mais fácil: amigos. Já fiquei 6 meses sem beber. De vez em qdo exagero na bebida, mas nada comparado á situação q já passei. Descobri q era possível mudar de vida se eu mudasse de atitude. E consegui.

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  11. Realmente que história. Li tudo e não conseguia desgrudar da tela antes que acabasse.
    Espero que a familia toda esteja na paz do Senhor.

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  12. Isabela, há tempos acompanho o blog, e ja temrinei de ler tudo, mas sempre releio alguma episódios.
    Eu uso cocaína há algum tempo, também tenho uma vida normal também, trabalho, namoro, tenho amigos.
    Mas fico vendo, como esse médico nao sabia que a bebida ia fazer ela usar, eu sei disso, o primeiro gole ja vem aquela vontade, não adianta, são dois problemas, bebida e alcool.
    E também ela ia trabalhar e ficava com sono, pq quando usamos a droga nao conseguimos dormir, é horrível, sensação de estar sendo perseguido, porém quando estamos bebendo juntamente com o uso da droga, da uma euforia grande e só pensa em beber e beber mais, por isso parece nunca ter fim.
    Complicado

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